Maternidade Santo Antônio pode parar por atraso do pagamento
O Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed-AL) vem externar uma situação extremamente delicada provocada pelo atraso no pagamento do incentivo Promater, programa de incentivo com recursos do Fundo Estadual de Saúde (FES), por parte da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), ao Hospital e Maternidade Santo Antônio, localizado no bairro da Cambona, em Maceió, conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Há quase um ano que não ocorre o repasse regular desse recurso financeiro aos hospitais e, com isso, o salário dos profissionais médicos está em atraso há quatro meses. Existe ameaça de suspensão ou redução dos serviços às usuárias da rede pública de saúde, tanto da capital quanto do interior.
Segundo obstetras que atuam na unidade há cinco anos, a categoria vai decidir por paralisação dos serviços, caso o pagamento referente aos meses de julho, agosto, setembro e outubro não seja quitado.
A Maternidade Santo Antônio é de risco habitual, atende cerca de 3.000 gestantes na urgência e emergência, e tem uma média de 300 partos por mês. A paralisação vai sobrecarregar outras unidades de saúde, isso porque a Maternidade Santo Antônio tem um área de cobertura grande dentro da capital, fora as gestantes do interior. Então, quando uma maternidade como essa paralisa seus serviços, essa demanda de gestantes acaba indo para outras unidades, como o Hospital da Mulher e a Nossa Senhora da Guia, localizadas no bairro Poço. E essas maternidades, sem sombra de dúvidas, não têm como comportar toda essa demanda, o que acaba prejudicando, e muito, a Rede Cegonha.
A presidente do Sinmed-AL, Sílvia Melo, que também é obstetra, aponta a situação como crítica. “Suspender ou reduzir o atendimento à população é um decisão difícil que queremos adiar o quanto for possível. Há um desrespeito grande com a categoria médica, vivemos um momento extremamente difícil, com bombardeio de todos os lados. No serviço público há um achatamento salarial e só algumas vezes respiramos com negociações positivas. Nós somos vítimas de uma precarização absurda do trabalho. Nossa compreensão é clara de que quem trabalhou deve receber”, pontuou.
Nessa sexta-feira (3), uma reunião on-line foi realizada com a Diretoria e o Departamento Jurídico do Sinmed-AL para discutir medidas legais para sanar o atraso salarial. O Sindicato irá preparar um documento que será assinado não só pela presidente Sílvia Melo, mas também pelos profissionais da maternidade, para que seja protocolado o aviso-prévio de paralisação coletiva e temporária. O documento será enviado ao Hospital e Maternidade Santo Antônio, à Sesau, ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal).