Passados mais de dez anos, finalmente o Estado vai fazer concurso para a área da saúde. O edital foi publicado no DO da última sexta-feira, dia 10/6, mas surpreendeu inclusive pelos baixos valores de remuneração, sem falar que o número de vagas também é insuficiente para cobrir a carência existente em toda a rede de saúde do Estado. É impressionante a capacidade dos gestores em subestimar a inteligência dos eleitores, enganar e, enfim, deixar de fazer o melhor para a promoção do desenvolvimento socioeconômico quando tem o poder em mãos. Assim fica difícil tirar o Estado do atraso em que se encontra. Somente na área da saúde pública temos mais de seis novos hospitais, mas foram abertas apenas 1200 vagas incluindo todas as categorias. O agravante é que as unidades de saúde mais antigas, sem exceção, estão com efetivo insuficiente, o que por si só enseja renovação do quadro. Do jeito que as coisas andam, talvez a carência aumente ainda mais após o concurso. O ideal seria nenhum médico se inscrever pra forçar o gestor a oferecer salário decente.

Os heróis da pandemia vão sair da experiência pandêmica tecnicamente mais fortalecidos, e emocionalmente mais fragilizados com o incentivo e valorização que vem do governador Renan Calheiros. Pasmem, ele acha justo o médico trabalhar 24 horas semanais para receber R$ 3.700 ao mês, quantia tão irrisória que ele não teria coragem de oferecer nem a um de seus secretários, mas considera normal o servidor médico receber. Já estamos protestando, e recorrendo judicialmente do edital do concurso, é claro.