Protesto contra corte de salário e de pessoal da saúde
Na mesma semana em que a Uncisal recebeu nota máxima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), os servidores da instituição sofreram um golpe: o governador cortou bruscamente 40% de seus vencimentos. “A categoria está decepcionada com a falta de reconhecimento, e fará um protesto logo mais às 13:30 horas, em frente a Maternidade Santa Mônica”, disse Sílvia Melo, presidente do Sinmed.
“Quem trabalha nas unidades da Uncisal (Santa Mônica, Portugal Ramalho e Helvio Auto) nunca mede esforço para fazer tudo dar certo. Apesar da falta de estímulo do Estado, todos abraçam o ensino, a pesquisa, os laboratórios, a vida acadêmica, enfim, o atendimento voltado à população. Exigimos respeito”, desabafou a presidente, lamentando também o encerramento do contrato de 390 prestadores de serviços lotados em diversos setores, sem motivo plausível, e havendo necessidade gritante dessa mão de obra. “Ainda na tarde de hoje também teremos reunião na Sesau, às 14 horas, e no Ministério Público, às 16 horas, para tratar a questão”, avisou a líder dos médicos, convocando a categoria.
Na tarde de ontem (quinta-feira) ela recebeu na sede do sindicato, no Trapiche, médicos dos três locais afetados – eles expressaram revolta com o desmando e sustentaram que a dispensa de pessoal vai inviabilizar o atendimento. Além disso, eles mostraram os comprovantes dos proventos com corte absurdo nos vencimentos, justamente um complemento referente ao serviço de emergência 24 horas. “O Executivo precisa ter competência para arrecadar o suficiente para garantir aos alagoanos o direito a assistência médica, sobretudo a emergencial. O cidadão enfrenta uma dificuldade histórica de acesso a saúde, e não pode ser ainda mais penalizado porque o gestor gasta mal os recursos. O sucateamento sempre foi grande, mas lutamos por avanços, nunca o contrário. Não fosse a dedicação dos profissionais, muita coisa não funcionaria”, frisou Sílvia Melo, indignada com a medida.
A Diretoria do Sinmed apela para que o Ministério Público interceda na gestão da saúde de Alagoas, de forma a assegurar plena condição para reverter o golpe do governo, e, enfim, promover as melhoras necessárias. “Estamos exaustos com todo esse descaso. Não há perspectiva de concurso, apesar de haver carências em todas as especialidades. A precarização supera o limite suportável, e o gestor paga aos médicos o que quer: valores cada vez mais irrisórios. A Justiça pode auxiliar na indicação de onde enxugar gastos, se isso for de fato imprescindível. A área da saúde já é enfrenta uma escassez antiga, não cabe, portanto, corte algum”, pontuou a presidente do Sinmed.
No caso do Hospital Hélvio Auto, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, haverá perda de leitos (de 60 para 38). Na Santa Mônica haverá redução de 50% nos leitos de UTI , enquanto o Portugal Ramalho, por sua vez, terá o atendimento inviabilizado completamente se não forem revertidas as demissões e subtração dos vencimentos. “Enfim, essa medida é de uma irresponsabilidade sem precedente”.
Agenda: 13.30 horas haverá protesto dos médicos contra a redução salarial, em frente a Maternidade Santa Mônica; 14 horas reunião na Sesau, e às 16 horas, reunião no Ministério Público. Tema: Busca de alternativa para reverter a redução salarial de 40% e o rompimento do contrato com 390 servidores precarizados da saúde.