Em Maceió e no interior falta tudo...

Em Maceió e no interior falta tudo...
Em Maceió e no interior falta tudo...

Falta de estrutura  trava especialidades

Na falta de quase tudo, os médicos da rede pública de Maceió e do interior do Estado continuam no esforço exaustivo para viabilizar atendimento. Cada especialidade esbarra em limitações típicas da área. No PAM Salgadinho, por exemplo, o maior posto da capital, o serviço de acupuntura há seis anos sofre sem agulhas - impossível trabalhar. No setor de ginecologia e obstetrícia falta a bata que as mulheres deveriam usar ao deitarem na mesa de exames. Elas vão despidas à mesa do exame, embora constrangidas. Até a maca se mantém ‘nua’: nunca tem toalhas descartáveis para forrá-la a cada troca de paciente.

Enfim, em nossa rede pública, onde tem oftalmologista, acredite, não tem equipamentos que permitam ao especialista fazer um diagnóstico sequer. E onde tem sala de pequenos procedimentos cirúrgicos as máquinas são como elefantes brancos – sem uso, à espera de  alguns detalhes para que o conjunto da obra entre em operacionalidade. Verifica-se situação idêntica até no laboratório clínico (Laclin). Não é diferente onde tem otorrinos, pois  o atendimento só existe porque os especialistas usam seus próprios instrumentos para ouvir e observar nariz, garganta e ouvido.

Os cardiologistas também só conseguem fazer o básico num ambulatório público. Ainda assim porque – semelhante aos otorrinos, ginecologistas, pediatras e outros colegas - , usam os instrumentos comprados do próprio bolso, do contrário não fariam nada. Assim, escutam os batimentos cardíacos e verificam pressão - não pedem ao menos um eletrocardiograma porque é luxo na rede pública. Muitas vezes, falta até bolas de algodão, e a farmácia das unidades raramente tem medicação. É comum faltar até papel para xerocar a última folha do receituário. Isso mesmo - são xerocados -, e o papel é doado pelos pacientes.

Diante de tanta escassez, o médico trabalha aflito, sem condição de dar resolutividade à queixa que leva cada um ao seu consultório.  Um médico vira-se em trinta, faz o que nem é da sua alçada, vai à exaustão. Alguns cruzam os braços, mas o Sinmed combate o comodismo com a mesma força com que repudia os maus gestores. Cientes dessa realidade, o Sindicato não admite que julguem a maioria pelo comportamento de meia dúzia, tampouco que haja punição generalizada. Cada caso deve ser visto individualmente – do contrário, não se faz justiça, e sim o inverso.

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